Entendendo a Artrite Reumatóide...
É uma doença inflamatória que afeta vários sistemas orgânicos, sendo caracterizada, principalmente, pelo acometimento das articulações sinoviais.Tais articulações são formadas por uma cápsula articularque se divide em cápsula fibrosa e membrana sinovial. Essa membrana produz um lÃquido chamado sinóvia, que lubrifica a cavidade e articular e amortece o impacto de um osso contra o outro, sendo, dessa maneira, um mecanismo de proteção. Na artrite reumatóide, o processo inflamatório provoca espessamento da membrana sinovial e aumento na produção do lÃquido sinovial, sendo essas alterações responsáveis por limitar o movimento e provocar dor.
Essa doença é mais prevalente no sexo feminino e é mais comum nas mulheres entre 30 e 50 anos. A sua origem, etiologia, é desconhecida, a teoria mais aceita é a de que ela seja uma doença auto-imune, isto é,em que moléculas do corpo, auto-anticorpos, reagem contra o próprio organismo desencadeando uma resposta inflamatória.
Aspectos clÃnicos da Artrite Reumatóide
A instalação do processo inflamatório costuma ser lenta e pouca agressiva, acometendo, principalmente, as articulações dos dedos das mãos. O comprometimento articular é simétrico, ou seja, acomete, por exemplo, os dois joelhos ou os dois punhos, e aditivo, isto é, as articulações afetadas vão se somando. As articulações ficam inchadas, avermelhadas, quentes e doloridas.Essa dor, causada pelo processo inflamatório na cápsula articular, apresenta um curso chamado: ritmo inflamatório. Ele é caracterizado por dor matinal e em repouso que melhora ao decorrer do dia, ao contrário da dor com ritmo mecânico, que pela manhã e em repouso não afeta o paciente, mas que surge ao longo do dia ou com o movimento.
Algumas manifestações extra-articulares...
Aparelho Cardiovascular:A artrite reumatóide aumenta o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) em quatro vezes devido à aterosclerose - depósitos de placas gordurosas que se acumulam nas artérias- acelerada que acomete as artérias que nutrem o músculo cardÃaco (artérias coronárias). O motivo de a doença articular acelerar os depósitos de gordura ainda está em estudo.
Músculos: Fraqueza muscular e limitação de amplitude de movimento.
Olhos: A alteração mais frequente é a inflamação das glândulas lacrimais (SÃndrome de Sjögren). Consequentemente, há diminuição da produção de lágrima. Os olhos ficam irritados e com sensação de estarem com areia. Quando não tratados adequadamente, a córnea fica sujeita a erosão e infecção.
Sistema nervoso:É comum o comprometimento das raÃzes nervosas periféricaspor compressão devido à inflamação e proliferação do tecido articular.O sintoma mais comum é formigamento.
Entendendo a SÃndrome Metabólica...
A definição de sÃndrome metabólica consiste na associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares, vasculares periféricas e diabetes. Elaé uma doença da civilização moderna, associada à obesidade, como resultado da alimentação inadequada e do sedentarismo. Os parâmetros que devem ser avaliados para o diagnóstico dessa sÃndrome são: cintura abdominal, Ãndice de massa corporal (IMC), glicose, bom colesterol (HDL), triglicérides e pressão arterial. O diagnóstico pode ser definido quando há associação entre três dos fatores apresentados abaixo:
* Glicemia em jejum oscilando entre 100 e 125, ou entre 140 e 200 depois de ter tomado glicose;
* Valores baixos de HDL, o colesterol bom, e, elevados de LDL, o mau colesterol;
* NÃveis aumentados de triglicérides e ácido úrico;
* Hipertensão arterial sistêmica;
* Obesidade central ou periférica determinada pelo Ãndice de massa corpórea (IMC), ou pela medida da circunferência abdominal (nos homens, o valor normal vai até 102 e nas mulheres, até 88), ou pela relação entre as medidas da cintura e do quadril;
Prevalência:As manifestações dessa doença começam na idade adulta ou na meia-idade e aumentam muito com o envelhecimento. O número de casos na faixa dos 50 anos é duas vezes maior do que aos 30, 40 anos.Embora acometa mais o sexo masculino, mulheres com ovários policÃsticos estão sujeitas a desenvolver a sÃndrome metabólica, mesmo sendo magras.
Sintomas: Praticamente todos os componentes da sÃndrome são inimigos ocultos porque não provocam sintomas, mas representam fatores de risco para doenças cardiovasculares graves.
Observação:
Como a obesidade é o fator que costuma precipitar o aparecimento da sÃndrome, dieta adequada e atividade fÃsica regular são as primeiras medidas necessárias para reverter o quadro. No caso de existirem fatores de risco de difÃcil controle, a intervenção com medicamentos se torna obrigatória.
SÃndrome metabólica na Artrite reumatóide
Atualmente, a doença cardiovascular é a principal causa de morte nos pacientes com Artrite reumatóide, e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio pode ser atéquatro vezes maior nesses pacientes. A resposta inflamatória que acomete várias partes do organismo na artrite reumatoide, somada à presença de sÃndrome metabólica, torna duas vezes maior o risco de doença cardiovascular fatal ou não fatal e dedeposição de placas gordurosas nas artérias que irrigam o coração, independentemente da idade e sexo. A artrite reumatóide tem sido associada ao aumento da prevalência de sÃndrome metabólica, mas o papel das diferentes caracterÃsticas da doença, tais como a duração, atividade e instalação em pacientes com artrite reumatoide, ainda é desconhecido.
Estudos recentes, a fim de investigar o risco aumentado de doenças cardiovasculares em pacientes com artrite reumatoide, como apresentado acima, buscaram identificar sÃndrome metabólica nesses indivÃduos como uma possÃvel justificativa.
Para esse estudo, os pesquisadores utilizaram como grupo controle pacientes com osteoartrite. Os autores identificaram em pacientes com artrite reumatóideexpressiva resistência à insulina (hormônio produzido pelo pâncreas que faz diminuir a glicose do sangue) e baixos nÃveis do bom colesterol (HDL) em comparação com o grupo controle. Além disso, foi verificado risco aumentado de calcificações arteriais e maior quantidade de gordura envolvendo os órgãos (visceral) e abaixo da pele(subcutânea), por meio de métodos de imagem como tomografia computadorizada, nos indivÃduos portadores de artrite reumatóide. Apesar desses achados, todos eles fatores de risco para sÃndrome metabólica, a prevalência dessa doença, bem como estudos sobre a sua origem nos pacientes com artrite reumatóide, ainda estão em estudo.
Recomendações
Como já é sabido que pacientes com artrite reumatoide apresentam risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, apesar dos diversos estudos ainda em andamento, caso você seja portador de artrite reumatoide, é importante que:
- Siga adequadamente o tratamento orientado por seu médico;
- Oriente-se com seu médico a respeito da melhor atividade fÃsica e com que frequência deve praticá-la;
- Tenha uma alimentação balanceada à base de cereais, frutas, verduras, legumes e carnes magras, evitando carnes vermelhas, alimentos ricos em gordura e conservantes. Se possÃvel, faça um acompanhamento nutricional;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas;
- Evite a prática do tabagismo e procure se afastar de locais com grande quantidade de fumaça de cigarro;
- Monitore com frequência em um posto de saúde próximo a sua pressão arterial;
- Faça periodicamente exames para dosar a glicose, o colesterol bom (HDL) e o colesterol ruim (LDL);
- Procure dormir bem;
- Tenha um tempo destinado ao lazer e evite, se puder, situações de estresse;
- Qualquer dúvida procure seu médico.
Seguindo esses conselhos, você estará evitando grandes complicações como infarto agudo do miocárdio e diabetes!!!
Para saber mais...
· Artrite reumatoide e sÃndrome metabólica, Viviane Roseli da Cunha, Cleiton Viegas Brenol, João Carlos Tavares Brenol e Ricardo Machado Xavier, Revista Brasileira de Reumatologia 2011; 51(3):260-8;
· Diagnóstico precoce de Artrite Reumatóide, Célia Regina Farinha Rodrigues, Silvia Dal Bó, Raquel Maria Teixeira, RBAC, vol. 37(4): 201-204, 2005;
· http://www.abeso.org.br/ (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da SÃndrome Metabólica);
· www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/015.pdf.
Texto enviado pela estudante de medicina da UFV Claudia Loures de Assis.
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