segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Estudo relaciona consumo de álcool com maior chance de desenvolvimento de câncer de mama


Se você achava que já tinha ouvido falar de todos os possíveis malefícios do álcool, aí vai mais um: o consumo da substância, mesmo em níveis baixos, está relacionada a um aumento do risco de desenvolver câncer de mama em mulheres. Essa foi a constatação de um estudo realizado por pesquisadores americanos publicado, agora em novembro, no Journal of American Medical Association (JAMA).
A associação entre o alto consumo de álcool e a elevação da probabilidade de desenvolvimentoda doença, já havia sido demonstrada em muitos estudos anteriores. O que o presente trabalho objetivou foi descobrir se essa relação ocorre também em indivíduos com baixo consumo de bebidas alcóolicas, analisando,também, se a frequência do consumo, o uso episódico abusivo (“binge”, em inglês) e a fase da vida adulta em que a mulher faz uso da substância alteravam a prevalência da doença.
Para realizar o estudo, foram acompanhadas 105 986 enfermeiras americanas, do ano de 1980 até 2008, tendo estas respondidoa formulários sobre a quantidade e o seu padrão de consumo de álcool. Para melhorar a veracidade das constatações, foram controlados outros fatores de risco bem aceitos para desenvolvimento de câncer de mama, tais como idade da primeira menstruação, menopausa, número de gestações, índice de massa corporal (IMC), idade do primeiro parto, entre outras informações.
Os resultados são modestos, mas significativos. Para um consumo de álcool de 5 a 9,9g por dia ( o equivalente a 3-6 cálices de vinho por semana) a proporção de mulheres que consumiam essa dose que desenvolveram câncer de mama, para aquelas abstêmias que desenvolveram câncer de mama é de 1,15 para 1. Já para aquelas com um consumo de ao menos 30g por dia em média ( o equivalente à três cálices de vinho ou duas latas de cerveja por dia) a proporção é de 1,51 para 1.
Quando analisaram o grupo quanto à frequência de uso e o uso episódico abusivo da substância, considerando a quantidade acumulada de consumo durante os anos, encontraram que aquela não obteve aumento significativo da prevalência, enquanto que o uso episódico abusivo aumentou significativamente o risco. Por exemplo, em mulheres que relataram consumir 6 ou mais drinks em um dia, todo mês,  a proporção de mulheres que abusavam dessa maneira  que desenvolveram câncer de mama, para aquelas abstêmias que desenvolveram câncer de mama foi de 1,21 para 1.
Outra constatação do estudo foi de que a morbidade aumentada causada pelo consumo de álcool independe se este ocorre no início, no meio ou no fim da fase adulta, pois o risco não difere.
Embora ainda não se compreenda o mecanismo exato pelo qual o álcool aumenta esse risco, uma explicação possível seria o efeito da substância nos níveis de estrogênios, pois outros estudos já demonstraram que o álcool é capaz de aumentar a concentração desses hormônios na corrente sanguínea de mulheres.
Tendo em vista os resultados da pesquisa, os autores alertam para a importância de considerar não somente a quantidade de álcool que a pessoa ingere, mas também o tempo em que essa foi exposta à substância, para avaliar o efeito do álcool no processo de carcinogênese.
O presente trabalho traz importante contribuição para a população e para os profissionais de saúde, já que as estatísticas demonstram o aumento paulatino do consumo e abuso de álcool entre as mulheres nos últimos anos. Sendo assim, ele possui grande valor no auxílio da prevenção desse que é o tipo de câncer mais comum entre o sexo feminino e a segunda maior causa de morte por câncer entre esse gênero.
 

        Confira o artigo na íntegra em: http://jama.ama-assn.org/content/306/17/1884.full      

Robson Lorenz de Oliveira
        Acadêmico do 4º período do Curso de Medicina da UFV

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